segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Dia a dia e Nietzche

Aproveitando a questão levantada por Ana sobre a doença celíaca pretendo falar do dia a dia. Começo com uma citação de Nietzche,que na sua “biografia filosófica”, Ecce Homo (1908), escreveu no item “Por que sou tão inteligente?” depois de comentar sobre alimentação, lugar, clima entre outras coisas ele diz:

-Perguntarão por que relatei realmente todas essas coisas pequenas e, seguindo o juízo tradicional, indiferentes: estaria com isso prejudicando a mim mesmo, tanto mais se estou destinado a defender grandes tarefas. Resposta: essas pequenas coisas – alimentação, lugar, clima, distração, toda a casuística do egoísmo – são inconcebivelmente mais importastes do que tudo o que até agora tomou-se como importante. Nisto exatamente é preciso a reaprender. O que a humanidade até agora considerou seriamente não são sequer realidades, apenas construções expresso com mais rigor, mentiras oriundas dos institutos ruins de naturezas doentes, nocivas no sentido mais profundo [...]


O que Nietzche tenta nos ensinar é que precisamos nos deter ao dia a dia. Devemos valorizar o que comemos, as relações que temos com as pessoas mais próximas, ao que dizemos as pessoas e etc., pois é ai que a vida se faz, é no dia a dia que vivemos. Os movimentos pequenos são importantes e devem ser valorizados. Sempre me assusto ao ver alguém falando que não se lembra o que almoçou. Que horror! Que valor você tem dado a sua alimentação? Ao seu corpo?
Sempre converso com Ana sobre a doença celíaca e como isso a conduziu uma relação diferente com que come e ao próprio corpo. Defendo que temos que valorizar o corpo (esclareço que, o valor que defendo aqui, não é em relação aos corpos que estão estampados nas revistas, para mim estamos valorizando o ideal de corpo, o fotoshop do mesmo) e para isso temos que dar atenção especial ao que nos cerca. Por exemplo: que atenção você tem dado a sua rua? O que você faz para deixar sua calçada limpa? Pode parecer até que não tem relação isso tudo, mas tem sim! Basta olhar um pouco mais de cuidado, você é também o lugar que mora, a cidade onde vive, o lugar onde trabalha. Tudo isso é cuidar de si, olhar para si. Penso que com as pequenas coisas, as pequenas revoluções, podem efetivamente mudar muita coisa. Então, o que você comeu hoje?

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Bombeiros: seu lema é incendiar.



Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAHHLk6cHTmmyPXT3Jxx65zEpHfH3Ck0tIHw1jzHnM_D4GmnaxzYeASFcyEee3XTLNXCSfEemjOiNEqq9drAIf8R_MpveVsWXaCcOaZhTK2NobmoiYoSMxqvwyRUw37YsnWqg-gsfT5dc/s320/livro+Fahrenheit+451.jpg

A sirene toca e lá vão eles correndo! A ação precisa ser rápida. No local denunciado devem queimar tudo! A casa, as obra literárias e, se, o subversivo ou a subversiva, que possui livros escondidos em sua propriedade não quiser se entregar, lance as chamas em cima desta criatura também. Bombeiros! A punição deve ser exemplar, afinal, foi a própria sociedade quem legitimou está nova regra. Por isso, não existe mais jornal, livro, revista, Biblioteca ou Universidade. Somos muito mais felizes agora, podemos ficar o dia todo brincando com as nossas famílias virtuais através dos telões nas paredes das casas, que, aliás, são aprova de fogo. “Fahrenheit 451” é o livro escrito por Ray Bradbury que apresenta este universo e o mais curioso é que se você não olhar a data de publicação da obra, não perceberá que a produção é de 1953. Vale à pena deixar um pouquinho de lado outros meios de comunicação e ler este livro.







Abçs, Gab .

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Som de Brincadeira


Quando conheci o Pato Fu o ano era de 1994/1995, tinha acabado de sair o segundo álbum “gol de quem?” achei estranho, mas ouvi várias vezes e virei fã! A partir daí fui a todos os shows que pude (e foram vários) tenho todos os CDs e DVDs (é a única banda que ainda compro CD). O que sempre me fez gostar tanto da banda é a forma criativa como conseguem tratar as suas músicas e principalmente a de outros artistas. Isso já ficou mais explicito quando Fernanda Takai lançou o “Onde brilhem os olhos seus” um disco inteiro com músicas cantadas por Nara Leão (falo isso pois mesmo sendo um cd solo é o pato fu tocando MPB). é incrível como os patos se apropriam das músicas sem tentar sobrepô-las ou segui-las cegamente.

E esse tratamento é o que vemos no novo disco o “Música de Brinquedo”. Um disco inusitado, todo tocado com brinquedos (eles já vinham ensaiando, veja aqui). São musicas conhecidas e divertidas que ganham uma nova roupagem. A força desse CD está na voz das crianças que soa extremamente natural e confesso, não consigo segurar o riso quando ouço “todos estão surdos”. Destaco o sucesso japonês “Twiggy Twiggy” do Pizzicato Five (sempre divertido) que encaixou muito bem na proposta do álbum, e já imagino a coreografia que Fernanda fará no show ao vivo, “Interfone” sucesso de Ritche nos anos 80. E “Ovelha negra” sucesso na voz de Rita Lee cantado com entusiasmo pelas crianças. Há musicas que nunca esperava ver o pato tocando como “Frevo mulher” de Zé Ramalho e como me disseram ficou muito “fofa”.

Há musicas que eu não gosto das originais, algumas por terem sido tocadas até a exaustão, outras porque nãos gosto mesmo (questão de gosto), mas que merecem ser ouvidas pela novidade dos arranjos, mais simples e diretos como “Rock And Roll Lullaby” e “My Girl”.

Enfim esse é um disco pra todas as idades. Quero muito ver a reação das crianças ao ouvirem as músicas, pois tenho visto é que os adultos estão se divertindo muito.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Doença celíaca


Como portadora não poderia deixar de divulgar esta doença ainda desconhecida da maioria dos brasileiros. Em 1950 um médico holandês após três anos de observação, identificou que entre as crianças locais sintomas como diarréia haviam desaparecido por conta da modificação da alimentação (o racionamento imposto pela II Guerra dificultou a oferta do pão), desta forma ele conseguiu provar que a ausência do glúten (trigo, aveia, centeio, malte e cevada) provocava a doença.

Doença celíaca é uma patologia que afeta o intestino delgado de adultos e crianças geneticamente predispostas. As vilosidades da mucosa do intestino delgado são atrofiadas e por isso causa prejuízos na absorção dos nutrientes e vitaminas necessárias ao corpo. Afeta 1% da população mundial e, sobretudo nas etnias indo-européias, ocorrendo em maior numero entre mulheres e em parentes de primeiro grau.

Os sintomas podem (algumas vezes a doença e silenciosa) ser diarréia, anemia, dermatites, dores abdominais, fadiga entre as crianças e má absorção generalizada de alimentos e muitas vezes pode ser associada a síndrome do intestino irritável, no entanto a falta da dieta poderá desenvolver uma série de doenças no paciente como osteoporose, infertilidade e até câncer. O diagnóstico poderá ser feito pelo exame de sangue ou endoscopia.

O tratamento é uma dieta isenta de glúten pelo resto da vida (parece uma sentença cruel! Mas depois você acostuma e poderá ter uma vida normal). Sim, normal, existem muitos atletas , atores (a atriz Isis Valverde e celiaca), pintores, economistas, administradores, médicos, ou seja, a vida continua mesmo com alguns cuidados extras para evitar a contaminação porque o mundo e feito de gluten. Mas muitos países europeus como a França disponibilizam aos portadores da intolerância uma ajuda extra na compra de produtos específicos para a dieta que são sempre mais onerosos que os produtos normais como pães, biscoitos e massas.
Existem estudos sobretudo na Austrália sobre a confecção de uma vacina que visa facilitar a vida do celíaco permitindo minimizar a reação ao glúten. No entanto ainda estão em fase inicial permitindo apenas que se possa sonhar que algum dia isto seja possível.

Caldos de galinha (ou carne) para tempero, iogurte, chocolates, doces, bebidas alcoólicas são alguns dos itens que provavelmente terão a inclusão de glúten além daqueles já previamente sabidos que contém glúten, pois todos são confeccionados com farinha de trigo (massas, biscoitos, pães e etc.).

Por isso uma das maiores dificuldades de um intolerante ou alérgico é conseguir efetivar sua dieta na rua, pelo menos no que tange a Salvador, as pessoas que prestam serviço no setor de alimentação (na maioria significativa dos casos) não estão preparadas para serem questionadas sobre os ingredientes que compõem cada receita. Apesar da existência da Lei 10.674 que esta em vigor desde 16/05/2004 instituindo que todos os alimentos industrializados deverão conter nos seus rótulos obrigatoriamente as inscrições Contém ou Não Contém Glúten e outras informações que são explicitas na lei, o setor de serviço (alimentação) desconhece a importância de informar seus clientes sobre o que eles estão comendo.

A questão não é somente ser intolerante ou alérgico a qualquer tipo de substancia, mas será que os mesmos cuidados que temos em comprar um par de sapatos, jóia, um notebook, roupa, ou um bem precioso não poderia ser dispensado ao consumo de alimentos? Porque mais do que acessórios eles serão ingeridos e nos ajudarão diretamente no nosso bem estar. Quantas vezes causamos nossas próprias doenças ingerindo alimentos ricos em gorduras, sal, açúcar ou aditivos químicos que comprometem o nosso metabolismo. Eu entendo que não é nada fácil, mas o simples fato de estarmos vivos não o é. Então porque não começar com um pequeno passo, acompanhe com cuidado a compra dos seus alimentos (geralmente passamos bons minutos na fila para pagar) e cobre dos lugares que frequenta saber o que esta ingerindo. Você estara fazendo um bem para si mesmo e para a sua comunidade.
Para maiores informações-
ACELBRA- Associação dos celíacos do Brasil <http://www.vidasemglutenealergias.com/>
Vida sem glúten e alergias - <http://www.acelbra.org.br/2004/index.php>
Abraço
Ana Luci

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Dama da fotografia erótica

Fotografia é algo mágico, a forma mais intrigante e fascinante de arte, pelo menos, eu penso dessa forma. Pois, como explicar a vontade de registrar um momento, uma pessoa, um objeto ou alguma cena criada para transmitir algo? Que desejo é esse? Quem são as pessoas atrás das lentes das máquinas fotográficas? O que pensam? O que querem? Bem! Tais indagações nasceram depois de ter contato com um pouco da história e de algumas fotos da fotógrafa francesa Irina Ionesco. Seus trabalhos são considerados polêmicos e são classificados, algumas vezes, como, eróticos, imorais, pervertidos, apologia a pedofilia, enfim, vale à pena, ver a exposição para conhecer um pouco do trabalho e da história de uma ex-artista circense, que após um acidente, descobre uma nova forma de se relacionar com arte e driblar limitações que a vida acabou impondo. A exposição está disponível na Caixa Cultural Salvador, localizada na Rua Carlos Gomes, 57, Centro, SSA-BA. Até 22 de agosto, das 9h às 18h, de terça a domingo, entrada gratuita. Tel.: 3421-4200. Abaixo, uma foto da própria Irina e depois um dos seus trabalhos, tendo sua filha como modelo.


Fonte: http://ego.globo.com/Gente/foto/0,,40700234-EXH,00.jpg



Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnzCe7LNpl7cEG33GVj18r2jhftYQkb8a_OXIH-IbATJIULy8uZGLydCoOvb4ppAT0TM4hThEtSI1j8f4SM4G5JxNiMghOOWmOrDUDA8nJGp4NHzaeAJEvgV0jhNHZfZ2xnUQrbVhuLnw/s1600/1256.jpg



Abçs, Gab Marinho.

domingo, 1 de agosto de 2010

Fonte: http://eduardomafra.files.wordpress.com/2009/02/kate-winslet-the-reader-1.jpg


Oi! Pessoal, como eu havia comentado na postagem anterior, o poema "Mulher do Leitor" é baseado no filme “O LEITOR” (Original The Reader, 2008) que com muita delicadeza aborda temas complexos como: a situação da Alemanha pós-guerra tendo que enfrentar as consequências do Nazismo, a iniciação sexual de um garoto, a solidão, o amor, a dificuldade de diálogo entre família, ética, etc. Mas, dois temas chamam mais a atenção. Primeiro, a falta de acesso a educação levando Hanna, a personagem principal, ao completo isolamento e invisibilidade, condenando-a a uma vida de poucas opções, descobertas e realizações dentro de uma sociedade européia. Depois, o sistema carcerário e a sua dificuldade de ofertar um ambiente promissor a reabilitação de quem lá está. Curioso é que virá de fora, a ajuda para tirar Schmitz da frente da parede que contempla todo dia, com o olhar distante, perdido, mecânico. Somente, realizará seu sonho, quando o presente chegar. Que sonho? Quem enviou o presente? O que há nele? Quem é Schmitz? “ O leitor” disponível nas locadoras responde .
Abçs, Gab Marinho.