-Perguntarão por que relatei realmente todas essas coisas pequenas e, seguindo o juízo tradicional, indiferentes: estaria com isso prejudicando a mim mesmo, tanto mais se estou destinado a defender grandes tarefas. Resposta: essas pequenas coisas – alimentação, lugar, clima, distração, toda a casuística do egoísmo – são inconcebivelmente mais importastes do que tudo o que até agora tomou-se como importante. Nisto exatamente é preciso a reaprender. O que a humanidade até agora considerou seriamente não são sequer realidades, apenas construções expresso com mais rigor, mentiras oriundas dos institutos ruins de naturezas doentes, nocivas no sentido mais profundo [...]
O que Nietzche tenta nos ensinar é que precisamos nos deter ao dia a dia. Devemos valorizar o que comemos, as relações que temos com as pessoas mais próximas, ao que dizemos as pessoas e etc., pois é ai que a vida se faz, é no dia a dia que vivemos. Os movimentos pequenos são importantes e devem ser valorizados. Sempre me assusto ao ver alguém falando que não se lembra o que almoçou. Que horror! Que valor você tem dado a sua alimentação? Ao seu corpo?
Sempre converso com Ana sobre a doença celíaca e como isso a conduziu uma relação diferente com que come e ao próprio corpo. Defendo que temos que valorizar o corpo (esclareço que, o valor que defendo aqui, não é em relação aos corpos que estão estampados nas revistas, para mim estamos valorizando o ideal de corpo, o fotoshop do mesmo) e para isso temos que dar atenção especial ao que nos cerca. Por exemplo: que atenção você tem dado a sua rua? O que você faz para deixar sua calçada limpa? Pode parecer até que não tem relação isso tudo, mas tem sim! Basta olhar um pouco mais de cuidado, você é também o lugar que mora, a cidade onde vive, o lugar onde trabalha. Tudo isso é cuidar de si, olhar para si. Penso que com as pequenas coisas, as pequenas revoluções, podem efetivamente mudar muita coisa. Então, o que você comeu hoje?